A actual Sé da Guarda recua aos finais do século XIV. O último monarca da primeira dinastia não consumou a promessa de iniciar as obras de novo templo, facto que apenas aconteceu já no reinado de D. João I, por iniciativa do bispo D. Vasco de Lamego, partidário da causa de Avis nos anos da crise dinástica. As obras, contudo, haveriam de se revelar bastante lentas, sendo o edifício terminado apenas no reinado de D. João III, já em pleno século XVI. Século e meio de estaleiro activo fizeram da Sé da Guarda um dos mais interessantes monumentos tardo-góticos nacionais, em que a sucessão de opções estéticas está bem presente. Na actualidade, consideram-se dois grandes momentos artísticos da construção: um primeiro, gótico, na influência do Mosteiro da Batalha, e um segundo, já manuelino, longinquamente relacionado com a arte de Boytac.
A feição fortificada de todo o conjunto é uma das características essenciais desta catedral, de que se destaca a maciça composição tripartida da fachada principal, virada a Oeste, sendo visível um primitivo remate em empena angular, sendo rasgada por portal em arco abatido. Sobre o portal, rasgam-se duas frestas e óculo circular com moldura de cantaria saliente. A estrutura é ladeada por duas torres octogonais, com a zona inferior marcada por contrafortes laterais, dividindo-se em três registos marcados por friso, os inferiores, rasgados por frestas profundas, formando capialço e remate em arco de volta perfeita, surgindo, no segundo, janelas em arcio de volta perfeita e, no superior, quatro sineiras em arco de volta perfeita. Nas faces frontais, ostentam duas pedras de armas do bispo D. Pedro Vaz Gavião.