A actual igreja não foi começada antes dos finais do século XII. Em 1281, o mosteiro passou para a posse dos Beneditinos, que empreenderam, então, a construção que ainda hoje vemos. Apesar da datação relativamente tardia, e das proporções da sua igreja (que temos de considerar modestas), o conjunto constitui um dos nossos mais interessantes monumentos românicos, em especial pelos referentes regionais artísticos que confluíram no seu estaleiro. A marcha das obras terá sido bastante rápida, não se identificando rupturas no processo construtivo, o que poderá indicar uma situação de desafogo económico pouco comum na época.
Tipologicamente, trata-se de um templo de nave única, segmentado em quatro tramos, com capela-mor mais baixa que o corpo, dotada de duplo tramo, sendo o último semicircular. No exterior, manifesta-se, já, algum requinte construtivo, como o recurso a contrafortes nos pontos de apoio dos tirantes do telhado da nave (situação que se justifica pela sua grande altura), a utilização de bandas lombardas a todo o redor ou a disposição do portal principal, em desenvolvido e saliente gablete.
Na frontaria destaca-se o portal, aberto num muro anteposto à fachada que, ao lhe acrescentar profundidade, permite a sucessiva reentrância das cinco arquivoltas. Estas são envolvidas exteriormente por um cordão entrançado. Decoradas com lóbulos perfurados, as arquivoltas assentam em oito colunelos cujos capitéis apresentam uma decoração zoofitomórfica e geométrica. O portal revela uma tipologia singular em território nacional, mostrando afinidades com o da fachada sul da catedral de Zamora.
Em cada fachada lateral abre-se um portal com três arquivoltas levemente quebradas, capitéis trabalhados e um tímpano liso.
Fontes:
- “Portugal – Património“, Álvaro Duarte de Almeida e Duarte Belo.