Igreja de São Tiago (Coimbra)

 

A cronologia da construção românica da igreja de Santiago de Coimbra é, ainda hoje, objecto de discussão. O templo foi solenemente sagrado em 1206, mas parece certo que as obras se prolongaram para cá dessa data, como realçou Gerhard Graf a propósito dos elementos estilisticamente tardios da rosácea e de alguns capitéis das janelas da fachada principal (GRAF, 1986, vol. 1, pp.191-192).
Em termos decorativos, a igreja de Santiago constitui um exemplo fiel do Românico coimbrão na sequência da construção da Sé Velha de Coimbra. Aqui encontram-se os mesmos modelos escultóricos e temáticos que caracterizam a maior obra românica da cidade, como os animais afrontados, as aves debicantes, etc. No entanto, a forçada paralisação das obras em finais do século XII (REAL, 1986, 57) determinou a alteração do projecto original e até a substituição dos artistas.
É desta forma que a igreja de Santiago encerra, pelo menos duas fases construtivas distintas (que António Nogueira Gonçalves considerou três, vislumbrando uma campanha mais na cabeceira (GONÇALVES, republ. 1980, p.78)). O portal Sul, com as suas três arquivoltas sem decoração, sublinhadas exteriormente por uma moldura de videira, constitui um bom exemplo das opções do Românico coimbrão de finais do século XII. A composição dos capitéis aprofunda os motivos vegetalistas ensaiados anteriormente na Sé Velha, assim como a decoração dos fustes das colunas, profusamente ornamentados com motivos geométricos e florais.
Diferente é o caso do portal principal, construído em época mais tardia, e composto por quatro arquivoltas. Como acentuou Manuel Luís Real, coexistem nesta parte do edifício verdadeiras obras primas da escultura românica coimbrã e capitéis de muito menor qualidade, fruto certamente de artistas de inferior formação (REAL, 1986, p.57). Por seu lado, Gerhard Graf realçou as ligações estilísticas dos fustes das colunas deste portal com a realização das janelas da Fachada das Platerías da Catedral de Santiago de Compostela (GRAF, 1986, vol. 1, p.190). PAF

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