Também conhecida como Igreja de Santa Maria de Ribacoa, foi provavelmente construída no século XIII, em estilo românico. Ergue-se, isolada, na cota mais elevada da povoação, ao centro de um vasto recinto delimitado pela cerca e dominado por afloramentos rochosos. Tem planta longitudinal composta pela nave e pela capela-mor. Integra dois cruzeiros adossados.
Encontra-se em avançado estado de ruína desprovida de cobertura à exceção da capela lateral que conserva ainda o telhado de quatro águas.
Abóbada polinervada da Sé catedral da Guarda
Cobertura em abobada polinervada, com vários bocetes ornados por elementos fitomórficos.
Interior da Sé da Guarda
As naves têm cinco tramos, formando arcada de volta perfeita, assente em pilares com colunas adossadas, aos quais se adossam as colunas de fuste liso que descarregam o peso dos arcos formeiros, de perfil apontado, que dividem as abóbadas, em cruzaria de ogivas, com bocetes ornados por motivos fitomórficos; sobre as arcadas da nave central, rasga-se o clerestório em arco de volta perfeita; pavimento em lajeado de granito, possuindo 134 lajes sepulcrais. A parede fundeira é rasgada por duas capelas, que se situam na base das torres, a do lado da Epístola funcionando como baptistério, ambas de planta poligonal e com acesso por arco levemente apontado, com arquivolta toreada assente em colunas de fuste liso, sobre altas bases com toros e escócias, apresentando capitéis ornados por esferas; ambas estão protegidas por grades metálicas, com o interior de pavimento lajeado e coberturas em abobadas polinervadas, com vários bocetes ornados por elementos fitomórficos.
Na capela-mor conserva-se o imponente retábulo escultórico maneirista, da autoria de João de Ruão.
Portal manuelino da Sé da Guarda
O portal tem arco abatido, com cogulhos internos, que se entrelaçam, dando origem a uma nicho com mísula e baldaquino, onde se integra a imagem de Nossa Senhora da Assunção; é ladeado por dois colunelos finos, assentes em bases altas com toros e escócias, surgindo, nos intercolúnios, mísulas ornadas por folhagem protegidas por baldaquinos; o colunelo exterior prolonga-se sobre o nicho da Virgem, em arco canopial, com cogulhos internos e externos, sendo flanqueado por dois possantes gigantes, constituídos por amplas bases, de onde saem feixes de colunas torsas, rematando em pináculos também torsos e com florão.
Fachada principal da Sé da Guarda
A actual Sé da Guarda recua aos finais do século XIV. O último monarca da primeira dinastia não consumou a promessa de iniciar as obras de novo templo, facto que apenas aconteceu já no reinado de D. João I, por iniciativa do bispo D. Vasco de Lamego, partidário da causa de Avis nos anos da crise dinástica. As obras, contudo, haveriam de se revelar bastante lentas, sendo o edifício terminado apenas no reinado de D. João III, já em pleno século XVI. Século e meio de estaleiro activo fizeram da Sé da Guarda um dos mais interessantes monumentos tardo-góticos nacionais, em que a sucessão de opções estéticas está bem presente. Na actualidade, consideram-se dois grandes momentos artísticos da construção: um primeiro, gótico, na influência do Mosteiro da Batalha, e um segundo, já manuelino, longinquamente relacionado com a arte de Boytac.
A feição fortificada de todo o conjunto é uma das características essenciais desta catedral, de que se destaca a maciça composição tripartida da fachada principal, virada a Oeste, sendo visível um primitivo remate em empena angular, sendo rasgada por portal em arco abatido. Sobre o portal, rasgam-se duas frestas e óculo circular com moldura de cantaria saliente. A estrutura é ladeada por duas torres octogonais, com a zona inferior marcada por contrafortes laterais, dividindo-se em três registos marcados por friso, os inferiores, rasgados por frestas profundas, formando capialço e remate em arco de volta perfeita, surgindo, no segundo, janelas em arcio de volta perfeita e, no superior, quatro sineiras em arco de volta perfeita. Nas faces frontais, ostentam duas pedras de armas do bispo D. Pedro Vaz Gavião.