Igreja Matriz de Ponte de Lima

PONTE DE LIMA (Portugal): Igreja Matriz.
PONTE DE LIMA (Portugal): Igreja Matriz.

Antes do atual edifício paroquial de Ponte Lima, outro existiu, de prováveis raízes românicas (edificado pelos séculos XII-XIII) e de estrutura modesta, com apenas uma nave, a que Carlos Alberto Ferreira de Almeida atribuiu o registo inferior da fachada principal, incluindo o portal (ALMEIDA, 1978, vol. 2, p.253 e 1987, p.102). É um facto que existem grandes diferenças estéticas entre os elementos que compõem a fachada principal, mas não estamos ainda em condições de atribuir o portal a essa época tão recuada, para mais sabendo-se como o Gótico foi destituído de rasgos monumentais no Norte do país, fazendo da sobriedade e do arcaísmo estilístico um valor artístico de primeira importância.
A igreja que hoje conhecemos data de meados do século XV. Em 1444, nas Cortes de Évora, os procuradores de Ponte de Lima declararam que a Igreia uelha era tam pequena Em que nom podiamos caber (ANDRADE, 1990, p.59, nota 67). O facto de, aqui, se utilizar uma forma verbal do passado, faz supor que a construção do novo templo se havia já iniciado. Os recursos financeiros foram proporcionados por D. João I e pelo regente D. Pedro e a empreitada prolongou-se até à década de 50.
Desconhecemos ainda como teria sido o projeto quatrocentista do conjunto, uma vez que foram muitos os acrescentos posteriores verificados. Uma interpretação veiculada nos anos 70 do século XX dá conta da possibilidade de ter existido uma reformulação do projeto, sensivelmente um século depois de concluído. Segundo essa perspetiva, a campanha quatrocentista havia edificado uma igreja de nave única – a que corresponde o portal -, e só a partir de meados do século XVI se deu corpo à estrutura tripartida que ainda hoje existe (Inventário, 1974, p.2).
Fosse como fosse, o certo é que a renovada Matriz de Ponte de Lima ocupa um lugar relativamente marginal na evolução do estilo Gótico em Portugal. O portal é de quatro arquivoltas reentrantes, uma delas decorada com semiesferas (um motivo que pode bem corresponder ao século XV). Os capitéis, por seu turno, são maioritariamente vegetalistas, de folhagem muito presa ao campo escultórico e elementos tratados sumariamente. A rosácea radiante é, como se verá, um produto do restauro.

info: www.igespar.pt/

Capitéis do portal românico da Sé de Lisboa

LISBOA (Portugal): Capitéis do portal românico da Sé.
LISBOA (Portugal): Capitéis do portal românico da Sé.

A Sé, um dos monumentos medievais mais antigos de Lisboa, data da 2ª metade do séc. XII. Construída no reinado de D. Afonso Henriques, após a tomada de Lisboa aos mouros, situava-se dentro da Cerca Moura. Durante a Idade Média a Sé funcionou como um pólo de fixação religiosa, cívica e cultural. No adro e por vezes no seu interior funcionaram as reuniões dos homens-bons da assembleia municipal. Anexa, existia a Escola da Sé, que foi frequentada por Fernando de Bulhões, futuro Santo António. O Paço Episcopal situava-se no Claustro da Sé, junto ao Beco do Quebra-Costas.
O portal românico recolhido ao fundo da galilé, mostra arquivoltas semicirculares que assentam em colunelos reentrantes, deixando ver capitéis com relevos de motivos vegetalistas, geométricos e antropomórficos.

Sé de Lisboa

LISBOA (Portugal): Sé de Lisboa
LISBOA (Portugal): Sé de Lisboa

Construída, ao que tudo indica, sobre a antiga mesquita muçulmana, o primeiro impulso edificador da Sé de Lisboa deu-se entre 1147, data da Reconquista da cidade, e os primeiros anos do século XIII, projecto em que se adoptou um esquema idêntico ao da Sé de Coimbra, com três naves, trifório sobre as naves laterais, transepto saliente e cabeceira tripartida, modelo essencialmente de raiz normanda, devido, com grande probabilidade, à origem do arquitecto Roberto.
Nos séculos seguintes, deram-se as transformações mais marcantes, com a construção da Capela de Bartolomeu Joanes, do lado Norte da entrada principal (uma capela privada de carácter funerário instituída por este importante burguês da Lisboa medieval, para si e para os seus companheiros), o claustro dionisino (obra marcante na evolução da arte gótica nacional, que apesar da sua planta irregular e localização a nascente do conjunto edificado, é uma das construções mais emblemáticas no processo de renovação arquitectónica e escultórica verificada no reinado de D. Dinis) e, especialmente, a nova cabeceira com deambulatório, mandada construir por D. Afonso IV para seu panteão familiar. Esta constitui o mais importante capítulo gótico entre Alcobaça e a Batalha e é o único deambulatório catedralício gótico nacional.