O Claustro do Cemitério é quadrangular, com um piso com cinco tramos por ala. É caracterizado pelos 20 arcos em ogiva que apresenta. Tem a marca de Fernão Gonçalves que trabalhou igualmente no Mosteiro da Batalha. Os capitéis dos arcos são todos decorados com motivos vegetalistas muito semelhantes entre si, mas sem que haja uma repetição do motivo.
Detalhe do portal principal do Convento de Cristo
A entrada da igreja faz-se por um portal constituído por três arquivoltas de arco pleno e inteiramente revestidas com motivos manuelinos, renascentistas e platerescos, encimado por um corpo que ostenta a representação da esfera armilar e sobre esta uma estátua da Virgem, ladeada de outras esculturas. Este belo conjunto, data de cerca de 1515 e é obra de João de Castilho.
Óculo manuelino do Convento de Cristo
No andar cimeiro da parede Oeste, a famosa janela manuelina é sobrepujada por um óculo profundo de estrias radiantes envolvido por moldura torsa, cuja gramática decorativa, igualmente alusiva aos Descobrimentos, simboliza velas enfunadas pelo vento.
Janela do Capítulo no Convento de Cristo
A janela do Capítulo do Convento, mais tarde imitada para o Palácio da Pena, foi encomendada por D. Manuel I e desenhada por Diogo de Arruda. É o mais conhecido exemplo de arquitectura manuelina, magnificamente decorada no exterior, que é a imagem mais representativa da exuberância da estética manuelina, ilustrativa do naturalismo exótico e do uso de pormenores marítimos, possui no intradorso colunelos a imitar troncos podados, encimados por arco polilobado com florões onde se encaixa aro torso; o enquadramento, em alto-relevo, inicia-se inferiormente com um tronco desenraizado carregado por figura masculina barbada, que se subdivide em 2 frisos de onde se elevam 2 colunas recamadas de folhagem e corolas, atadas por grossos cordões com nós e ladeadas inferiormente por 2 pequenos nichos vegetalistas desabitados e superiormente por duas esferas armilares atadas a segmentos curvos de folhagem; sobre o vão da janela sobrepõe-se grosso arco polilobado recamado de folhas onde se encaixam 2 aros torsos rematados inferiormente por florões, e cujos segmentos superiores se enroscam; remata a composição escudo real encimado por cruz da Ordem de Cristo sobre pano de muro esquadriado.
Convento de Cristo
O Convento de Cristo, em Tomar, pertenceu à Ordem dos Templários. Fundado em 1162 pelo Grão-Mestre dos Templários, dom Gualdim Pais o Convento de Cristo ainda conserva recordações desses monges cavaleiros e dos herdeiros do seu cargo, a Ordem de Cristo, os quais fizeram deste edifício a sua sede.
A estrutura espacial do Convento de Cristo é o resultado de sucessivas etapas construtivas. O primitivo núcleo era formado pelas muralhas do castelo e santuário dos templários. O templo, feito em forma de um polígono de dezasseis lados, com aspecto exterior de fortaleza, inspirado nos modelos orientais vistos pelos cavaleiros durante as cruzadas, segue o protótipo da Ermida de Omar (Jerusalém), modelo aplicado também nas capelas de Eunate (Navarra) e Vera Cruz (Segóvia).
A charola primitiva foi transformada na capela-mor da igreja que lhe foi adossada em forma de nave no séc. XVI. Suprimiram-se-lhe então duas faces do polígono da rotunda.
A arquitectura partilha traços românicos, góticos, manuelinos, maneiristas e barrocos.
Castelo de Tomar
Situado sobre um cerro alto e escarpado na margem direita do rio Nabão, o castelo de Tomar foi fundado por D. Gualdim Pais, mestre dos Templários, em 1160, para defesa da vasta região então denominada Termo de Ceras, doada aos Cavaleiros do Templo por D. Afonso Henriques. Tomar tornou-se assim a sede da província portuguesa da Ordem do Templo, até à sua extinção em 1312 e, a partir de 1357, sede da Ordem de Cristo.
Com influências da mais avançada arquitetura militar da época, a partir da experiência adquirida pelos Templários na Terra Santa em construção de cidadelas fortificadas, o castelo integrou o sistema defensivo-ofensivo da Reconquista.
De acordo com esses preceitos de estratégia militar, o castelo desenvolveu-se em três recintos muralhados distintos que uma cintura de muralha envolvia, delimitando o seu perímetro exterior. Duas cortinas de muralha interiores atravessavam a grande cintura periférica, estruturando os três recintos do lugar acastelado, sendo que a maior dessas cortinas de muralhas ia das imediações da atual entrada para as “Capelas Incompletas” até junto da Torre de D. Catarina, e que hoje se encontra transformada no muro de suporte das terras que formam o terreiro do jardim. A segunda cortina interna de muralhas estendia-se desde a fachada Leste da Charola até à zona Sul da Alcáçova.
O núcleo primitivo, reduto dos Cavaleiros Templários, era constituído, pela Alcáçova, com a sua Torre de Menagem, onde se reutilizaram lápides romanas, e pela denominada Charola. Esta consistia num templo redondo que se tornou no núcleo irradiador do Convento de Cristo e que, pela sua localização e características construtivas (paredes duplas) era, no conjunto da cidadela, um local praticamente inexpugnável.
Fonte: e-cultura.pt