Consta que a Igreja de S. Julião foi fundada por pescadores em finais do séc. XIII. Foi reconstruida por diversas vezes, devido a tremores de terra – as respetivas obras alteraram-lhe a traça original e realizaram-se em 1513, por indicação de D. Manuel I, e no séc. XVII; contudo os maiores danos ocorreram no séc. XVIII, após o terramoto de 1755, tendo sido novamente reconstruida já no reinado de D. Maria I.
Conserva do período de quinhentos, na fachada principal e lateral, dois portais manuelinos (um dos quais magnífico).Este último, colocado na parede Norte como provavelmente estaria na disposição original, é um importante exemplo da arquitetura coeva, sendo inclusivamente comparado ao trabalho de Diogo de Boitaca na igreja setubalense do Mosteiro de Jesus e na Igreja do Mosteiro dos Jerónimos (SILVA, J. Custódio Vieira, 1990, p. 70).
Detalhe do portal principal do Convento de Cristo
A entrada da igreja faz-se por um portal constituído por três arquivoltas de arco pleno e inteiramente revestidas com motivos manuelinos, renascentistas e platerescos, encimado por um corpo que ostenta a representação da esfera armilar e sobre esta uma estátua da Virgem, ladeada de outras esculturas. Este belo conjunto, data de cerca de 1515 e é obra de João de Castilho.
Portal manuelino da Sé da Guarda
O portal tem arco abatido, com cogulhos internos, que se entrelaçam, dando origem a uma nicho com mísula e baldaquino, onde se integra a imagem de Nossa Senhora da Assunção; é ladeado por dois colunelos finos, assentes em bases altas com toros e escócias, surgindo, nos intercolúnios, mísulas ornadas por folhagem protegidas por baldaquinos; o colunelo exterior prolonga-se sobre o nicho da Virgem, em arco canopial, com cogulhos internos e externos, sendo flanqueado por dois possantes gigantes, constituídos por amplas bases, de onde saem feixes de colunas torsas, rematando em pináculos também torsos e com florão.